domingo, 17 de junho de 2012

Nota da ReGIF em relação à greve


INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO RIO GRANDE DO NORTE
REDE DE GRÊMIOS ESTUDANTIS DO IFRN – ReGIF/RN

Nota
  
            O SINASEFE, Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica, durante sua 108ª Plena, realizada no dia 18 e 19 de maio, decidiu pela retomada da greve ainda no mês de junho, após diversas consultas à categoria, o Sindicato tirou um indicativo de greve. Aprovado no estado pela maioria dos que compareceram à assembléia geral no último dia 2, um sábado. Ou seja, a Seção Natal está aderindo a uma greve que se mostra generalizada, envolvendo unidades de todo o Brasil, além de 80% das universidades federais.
            Não podemos negar ou diminuir de forma alguma os motivos que levaram a educação a este momento: irresponsabilidade na expansão da rede federal de ensino e má remuneração de servidores levando-se em conta o trabalho realizado por esses. Entretanto, também não vamos negar que estamos em completo desacordo com a decisão de entrar em greve total por parte da categoria dos servidores. Acreditamos que a “defesa da educação” é uma causa nobre e que merece o envolvimento de toda a sociedade brasileira na luta pelo ensino público, gratuito e de qualidade. Esse, teoricamente, é o objetivo dos movimentos paredistas nesta instituição, mas a realidade é desanimadora.
            Em 2011 grande parte dos alunos se juntou aos funcionários, inclusive com considerável participação nos atos de rua. O grande problema residiu nos próprios servidores. A falta de participação foi imensa! Vimos uma grande maioria aproveitar a greve como “férias fora de época”, utilizando-se do movimento em favor próprio e em nada colaborando com a causa comum. Como herança da paralisação, o que nós, alunos, recebemos? Nada, senão professores desmotivados, ementas não cumpridas, ou seja, uma imensa desorganização durante a conclusão do ano letivo de 2011. A situação foi ainda mais prejudicial aos alunos do então 4º ano. Muitos são os relatos de descontentamento com a forma que o curso foi concluído, sem que houvesse uma real absorção dos conhecimentos do eixo técnico. Greve esta, que mesmo já tendo se estendido por tanto tempo – referente ao ano passado – não alcançou os objetivos fomentados em pauta na época.
            Ainda consideramos a falta de motivação após a suspensão do movimento apontamos: dificuldade em retomar os ritmos dos trabalhos; não realização de diversas atividades e eventos que são importantes para a formação polícia e cidadã dos estudantes; evasão escolar; descrença por parte da sociedade na instituição. As cicatrizes dos problemas supracitados voltam a ser feridas a partir da iminência da nova Greve
            O último Boletim Oficial da entidade (07 de junho de 2012) diz: “A UNIDADE dos SPF [servidores públicos federais] é grande arma que temos para nos impor e mostrar, ao governo, que não vamos mais esperar pelo dia 31 de julho para termos uma resposta à Pauta que entregamos. Queremos uma resposta, já! E, somente depois disso, começaremos a negociar, de verdade.” Por meio desta afirmação, confirma-se a postura intransigente e irresponsável que aqui apontamos. Como bem sabemos, ano passado a ANDES (entidade que representa os docentes das universidades federais) não nos acompanhou, mas usa-se agora o argumento de união dos servidores públicos federais. Quem acompanha o movimento sabe que esta e outras entidades não hesitariam em sair da greve caso suas reivindicações, que não são integralmente as mesmas da SINASEFE, fossem atendidas, deixando todo o peso da greve nas costas dos IF’s.
            É questionável pela comunidade discente desta instituição de ensino se, de fato, aqueles que fazem a greve acontecer têm realmente uma visão de sucesso a partir deste feito já que foi visto que uma greve total agora põe em xeque uma geração de alunos e compromete as demais, uma paralisação em uma Instituição de ensino que chega a junho ainda no 1º bimestre é irresponsável e terá como legado a formação de técnicos de fachada e alunos despreparados, causando severos danos ao futuro dos estudantes e à imagem da instituição junto à sociedade potiguar, se outrora fora tão respeitada, esperamos que não definhe com uma seqüência de greves.
            Não podemos nos calar diante desses fatos. Uma greve agora é irracional e irresponsável. O apoio dos estudantes ao movimento sindical deve ser algo construído coletivamente, com amplo diálogo e respeito mútuo, que até agora não foram vistos. Compreendemos que as reivindicações dos servidores também são nossas, porém, esperamos um contraponto, com real respeito pela educação. Nos opomos a esta greve, mas não nos retiramos da luta!
            Por fim, pedimos a todos os professores e demais servidores que usem de suas consciências e dos princípios morais, lembrando sempre de que trabalham em uma instituição renomada de ensino, e que ao ingressarem assumiram um compromisso com nossa educação. Lembrem-se da responsabilidade social que está arraigada em suas profissões, na certeza de que, ante a intransigência do Governo e a impossibilidade de mobilização ativa, a luta pelo ensino de qualidade acontece dentro de sala, no processo de formação dos futuros líderes deste país. Esperamos que não se ausentem neste momento de fundamental importância para a vida de centenas de jovens brasileiros.

Cordialmente,


Ramon de Lima Luduvico
Diretor de Políticas Educacionais da Associação Potiguar dos Estudantes Secundaristas

José Rolfran de S. Tavares
Vice Presidente da União Metropolitana dos Estudantes Secundaristas

Larissi Araújo
Vice Presidente do Grêmio Estudantil Djalma Maranhão

Suzana Maria da Silva Costa
Vice Presidente do Grêmio Estudantil José Alencar Gomes da Silva

Juscelino Pereira de Araújo
Vice-Presidente do Grêmio Estudantil Seridó Sertão

Kamila Patriota
Presidente do Grêmio Estudantil Paulo Freire

Jeferson Santos Teixeira da Silva
Presidente do Grêmio Estudantil Valdemar Pássaros


Natal/RN, 12 de junho de 2012

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